terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Revolutionary Road

Revolutionary Road é, sem dúvida um dos melhores filmes que eu assisti recentemente. Ainda faltam alguns na fila, mas já entre grandes, é o primeiro.
Dirigido por Sam Mendes, mesmo diretor de Beleza Americana, e estrelado por Kate Winslet e Leonardo Di Caprio, o filme prima pela sutileza, em todos os momentos. Pela transposição na tela de uma história que poderia ser de qualquer um. De escolhas não feitas, de promessas não cumpridas, de destinos interrompidos no meio do caminho e principalemnte de sonhos não realizados. Que poderiam ser de qualquer um.
O filme é conduzido pela vida, aparentemente normal, de uma família de suburbanos, ou melhor, de pessoas que tornaram-se suburbanos sem querer ao mudarem para o subúrbio americano na década 1950.
A vida ali era quase uma prisão, sonhar não era permitido, num mundo em que sonhar não deve ser negociável.
O pano de fundo é, claro, a família e sua constituição. A rotina que envolve a vida de um pai e de uma mãe que precisam cuidar e alimentar os filhos.Da devoção que envolve a paternidade e como não poderia deixar de ser da série de coisas que abdicamos depois de adquirido o status de pai e mãe.
Mas esse não é o fator determinate, não é o que está sendo tratado. E isso o filme deixa bem claro, ao mostrar a decadência dos valores suburbanos manifestados realidades particulares distintas, porém submetidas à atmosfera do mesmo tempo e espaço. Os senhores de mais idade, cujo filho é psicopata são decadentes. O casal que não tem filhos é decadente. Eles, o casal formado pelos protagonistas Kate e Di Caprio, April e Frank Wheeler, igualmente decadentes.
O que determina a vida dessas pessoas é a auto-condenação. É a preguiça ou a inaptidão de surpreender e ser surpreendido. Tudo ali é muito monótono. A vida não tem sem graça.
A pergunta que não quer calar é como Frank e April deixaram suas vidas caminhar no sentido que os levou para a ausência de sentido.
Jovens, idealistas, excêntricos, bonitos, especiais é o que ambos foram um dia e deixaram se perder, em algum lugar. Não se sabe bem onde, em que momento e o motivo. Nem eles, muito menos nós. Mas o fato é que com tudo isso, foi embora o amor pela vida e ficou o medo de recomeçar.
Porque April e Frank tiveram a oportunidade de mudar sua sorte. Poderiam ter ido a Paris. Pode ser que desse tudo errado, que a cidade das luzes não se iluminasse para esse casal que tinha tudo para ser feliz. Pode ser um milhão de suposições, mas uma coisa é certa, eles não teriam mais uma vez sufocado a vontade de viver e de sonhar. Vontade essa que, sim, ainda havia dentro de ambos.
Um filme real, com pessoas reais e o que é pior, com possibilidades absolutamente razoáveis e ordinárias. Até chegarem no limite.

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