quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A wonderful day

Hoje Barack Obama, presidente recém-eleito dos EUA, assinou sua primeira Lei, que não é qualquer lei, principalmente para nós, mulheres.
Obama decretou a obrigatoriedade de igualdade de pagamento entre homens e mulheres, que desempenham cargos comuns. Nomeada de Lilly Ledbetter, a nova lei homenageia a trabalhadora norte-americana que por toda a vida recebeu salários inferiores que homens empregados e quando lutou pelos seus direitos, ainda durante o Governo republicano do antecessor George W. Bush, sua reivindicação foi negada, com a justificativa de que muito tempo havia se passado.
A lei representa um avanço significativo do ponto de vista real e simbólico da luta mundial das mulheres por seus direitos enquanto cidadãs e igauldade de gênero. No Brasil, essa desiguladade ainda é uma realidade. Estudo divulgado há um ano, referente ao período janeiro 2003 - janeiro 2008, relaizado pelo IBGE, revela que uma trabalhadora brasileira recebe em média 30% a menos do que um homem na mesma função. O estudo diz ainda que mulheres com curso superior completo costumam contar com um ônus de 40% no valor de seus salários em relação ao de qualquer homem no memso cargo.
Obama ainda completa dizendo que não se trata apenas de uma questão relacionada às mulheres, mas uma questão relacionada à família. O que também possuí respaldo estatístico. Novamente de acordo com pesquisa divulgada em 2006 pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - o número de mulheres que assumem o papel de chefes de família subiu 79% em dez anos.
Eu estava em Aracajú e tomava café da manhã no hotel que agora não me lembro o nome, ouvia o telejornal da manhã que passava na televisão, quando quase num susto ouvi a notícia que Brack Obama levava a presidência dos Estados Unidos. O susto veio da desatenção, do esquecimento, pois na noite anterior, durante a contagem de votos, estava completamente antenada. Provavelmente naquele momento o meu pensamento estava em Salvador, cidade para a qual partiria na madrugada do mesmo dia.
A sensação que tive naquele momento ainda é muito nítida e provavelmente é e será uma das melhores sensações da minha vida, a de esperança. Mesmo contrariada por alguns optei por acreditar que a mudança pudesse representar de fato uma mudança. E sigo acreditando, até que me provem o contrário.
E hoje, ao assinar a lei, ele disse: "This is a wonderful day".

"A Ponte" / "The Brigde"

Quando cheguei em casa do cinema, na terça-feira super chuvosa, fui tentada a mais uma sessão de filme, dessa vez um documentário escolhido pelo Neto na locadora, dois dias antes.
Como de costume, eu acreditava que fosse dormir nos primeiros quinze minutos. Topei, porque sinceramente não estava com aquela vontade de encarar os suicidas da Golden Gate, em São Francisco, principalmente depois de ter saído do cinema com um sorriso de amor, e por isso de celebração da vida no rosto. Tínhamos acabado de assistir "O Curioso caso de Benjamin Button".
Mas não foi nada disso. O documentário pode até tratar das pessoasque se atiram do alto de uma ponte com o objetivo de acabar com a própria vida. No entanto não é apenas isso que o filme retrata e tenho minhas dúvidas no que diz respeito à temática central do filme. Para mim, o cerne é antes o suícidio, enquanto consequência social e psicológica de um contexto ao memso tempo subjetivo e universal, do que os suicidas em si, cada um particularmente.
O que aocntece é que é através dessas histórias, do relato das famílias, de amigos e de imagens chocantes que o diretor consegue revelar pontos comuns entre todos os que optam não pela vida. O incômodo e a falta de habilidade de se adaptar nesse mundo e na vida tal como ela está posta é sempre muito evidente no perfil dessas pessoas, que inevitavelmente revelam uma tristeza sem fim, seja no olhar, nas palavras, nos gestos ou, sobretudo, no silêncio. Nesse contexto, é seguindo uma lógica que nada tem de irracional, que o suicídio aparece como um horizonte, como um alívio e como uma solução.
Não que eu seja a favor da interrupção deliberada da própria vida, não. Mas assistir "A Ponte" sem dúvida me fez perceber que o ato de interromper todas as possibilidades de um futuro é muito mais complexo do que o caráter egoísta que lhe é atribuído. Percebi que não cabe a nós julgar essas pessoas, bem como não nos cabe apontar formas mais ou menos humanas, mais ou menos dignas de se morrer.
Cabe a nós, que sempre nos chocamos e nos indignamos com a notícia de um suicídio, compreender que não há desespero em vão. Buscar causas e respostas na sociedade, e da mesma forma, buscar soluções para a promoção de uma vida mais justa e menos desigual.
Pode parecer piegas, politicamente correto, mas não me importa. O ponto é que já passou da hora de desejarmos e resgatarmos um modelo mais humano de seguir em frente nesse mundo que não precisa ser tão hostil.

The Brigde - 2006 - Inglaterra
Direção: Eric Steel
Produção: Eric Steel
Música: Alex Heffes
Fotografia: Peter Baldwin e Peter McCandless
Edição: Sabine Krayenbüh
Duração: 93 minutos

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

The curious case of Benjamin Button

Durante o curso de roteiro que eu fiz em Dezembro, Fábio, o professor, disse em algum momento que para se analisar um filme, é necessário que o crítico ou mesmo o telespectador amador que adora cinema assine uma espécie de contrato, onde a fantasia proposta pelo filme é aceita e admitida como possível.
Essa postura é essencial e faz toda diferença quando se pensa no recém-lançado "O curioso caso de Benjamin Button", filme tão comentado, inspirado no romance homônimo da década de 20, de F. Scott Fitzgerald.
O filme é lindo. Talvez sublime seja a palavra que melhor traduza a delicadeza do enredo, que é sempre conduzido por belas lições de amor. Amor entre mãe e filho, entre pai e mãe, entre amigos bem próximos e quase amigos. Amor e a sua impossibilidade de ir além, de durar para sempre como dizia o poeta, entre um homem e uma mulher.
Do diretor David Fincher, o filme traz Brad Pitt no papel principal, o de Benjamin, que é uma criança rejeitada pelo pai no momento de seu nascimento. Além da mãe ter sofrido de morte materna como consequência do parto, a criança nasce sem feições de um bebê recém-nascido. Com a certeza de que o filho é doente, o pai lança-o nas mãos do destino, deixando-o sozinho nas escadarias de um asilo próximo à casa onde moram.
A criança é encontrada e acolhida por Queenia, que se torna sua mãe. Queenia é estéril e cuida de Benjamin como se fosse seu, de fato. Para ela, o bebê, que nasce com mais de oitenta anos, é um milagre, não daqueles com os quais espera-se deparar, mas é um feito divino.
A história se desenrola e à medida que o tempo passa, em vez de envelhecer, na sintonia do tempo cronológico, Benjamin rejuvenesce. Descobre cedo o seu grande amor e segue-o até o momento em que volta a ser criança - seguindo a inversão da lógica cronólogica - e portanto, perde toda e qualquer lembrança de tudo que havia vivido e amado na vida e ao lado dela que é a mulher de sua vida, a bailarina Daisy, interpretada por Cate Blanchett.
A relação dos dois é o alicerce que sustenta a beleza das relações, revelando a grandeza e os limites do amor, sempre num ritmo que se fosse voz, teria a sensação de veludo.
Trata-se de um amor com tempo determinado, para alguns, um amor impossível. Para eles, um amor vivido.
Ainda que num universo particular e surreal, "O curioso caso de Benjamin Button" dá conta de explicitar valores universais e talvez instintivos do homem, proferindo grandes lições para o espectador, que com facilidade consegue se identificar com as alegrias e sofrimentos consecutivos de situações imperfeitas. De modo que a experiência vivida, com seus ônus e bônus, se transforme na maior riqueza que o homem, a mulher, a criança e o idoso possa cultivar nessa vida.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Nadie podrá quitarme la esperanza

2008 foi um ano de conquistas. De mudanças, de situações difíceis, mas sobretudo de tantas descobertas quantas o meu coração foi capaz de segurar. Na realidade, acredito que ele aguentaria muito mais, creio que somos bem mais fortes do que pensamos ser.
Mas de qualquer forma, não foram poucas emoções.

Ao sair da casa dos meus pais, além da liberdade tão desejada, conquistei a certeza de que fazemos a nossa sorte. De que tudo que sonhamos um dia realizar é muito mais viável do que costumamos imaginar.
Conquistei a consciência de que preciso dos meus pais muito mais do que eu pensava. E ao realizar essa consciência e conseguir enxergá-los de longe, os conquistei e hoje ambos são grandes amigos.

Tive a prova de que é verdade aquela história que é preciso aproveitar e abraçar as oportunidades que a vida nos coloca. Da mesma forma que um raio não cai duas vezes num mesmo lugar ou que o meu cabelo depois do secador nunca fca igual ao dia anterior, a experiência não se repete, e dificilmente se presta a uma segunda chance.

Também tive a certeza de que acreditar e ir em frente, até o fim, enfrentando os riscos e vibrando com as novidades faz com que a gente se sinta vivo.

Percebi que a idéia do definitivo é absolumante questionável. Nada na vida é para sempre porque deve ser para sempre. Tudo pode ser, mas nada deve ser.

Eu descobri o amor. Aquele de verdade, que dói na mesma intensidade que conforta. 2008 terminou e eu saí incólume, feliz, realizada, otimista e corajosa. Pudera, além de tudo, Obama foi eleito!

Mas logo chegou 2009, a cambalhotas, me deixando tonta. Desiquilibradamente tonta. Parece que o destino me prega uma peça, para eu perceber que a vida não é tão fácil assim. Ou que é muito mais fácil do que a minha cabeça maquina ser.

Sinto como se diante de mim existissem dois caminhos e apenas uma escolha, num jogo onde é proibido roubar ou blefar. A alternativa é pagar pra ver. Fazendo valer as palavras que eu quero tatuar no meu corpo.