quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

The curious case of Benjamin Button

Durante o curso de roteiro que eu fiz em Dezembro, Fábio, o professor, disse em algum momento que para se analisar um filme, é necessário que o crítico ou mesmo o telespectador amador que adora cinema assine uma espécie de contrato, onde a fantasia proposta pelo filme é aceita e admitida como possível.
Essa postura é essencial e faz toda diferença quando se pensa no recém-lançado "O curioso caso de Benjamin Button", filme tão comentado, inspirado no romance homônimo da década de 20, de F. Scott Fitzgerald.
O filme é lindo. Talvez sublime seja a palavra que melhor traduza a delicadeza do enredo, que é sempre conduzido por belas lições de amor. Amor entre mãe e filho, entre pai e mãe, entre amigos bem próximos e quase amigos. Amor e a sua impossibilidade de ir além, de durar para sempre como dizia o poeta, entre um homem e uma mulher.
Do diretor David Fincher, o filme traz Brad Pitt no papel principal, o de Benjamin, que é uma criança rejeitada pelo pai no momento de seu nascimento. Além da mãe ter sofrido de morte materna como consequência do parto, a criança nasce sem feições de um bebê recém-nascido. Com a certeza de que o filho é doente, o pai lança-o nas mãos do destino, deixando-o sozinho nas escadarias de um asilo próximo à casa onde moram.
A criança é encontrada e acolhida por Queenia, que se torna sua mãe. Queenia é estéril e cuida de Benjamin como se fosse seu, de fato. Para ela, o bebê, que nasce com mais de oitenta anos, é um milagre, não daqueles com os quais espera-se deparar, mas é um feito divino.
A história se desenrola e à medida que o tempo passa, em vez de envelhecer, na sintonia do tempo cronológico, Benjamin rejuvenesce. Descobre cedo o seu grande amor e segue-o até o momento em que volta a ser criança - seguindo a inversão da lógica cronólogica - e portanto, perde toda e qualquer lembrança de tudo que havia vivido e amado na vida e ao lado dela que é a mulher de sua vida, a bailarina Daisy, interpretada por Cate Blanchett.
A relação dos dois é o alicerce que sustenta a beleza das relações, revelando a grandeza e os limites do amor, sempre num ritmo que se fosse voz, teria a sensação de veludo.
Trata-se de um amor com tempo determinado, para alguns, um amor impossível. Para eles, um amor vivido.
Ainda que num universo particular e surreal, "O curioso caso de Benjamin Button" dá conta de explicitar valores universais e talvez instintivos do homem, proferindo grandes lições para o espectador, que com facilidade consegue se identificar com as alegrias e sofrimentos consecutivos de situações imperfeitas. De modo que a experiência vivida, com seus ônus e bônus, se transforme na maior riqueza que o homem, a mulher, a criança e o idoso possa cultivar nessa vida.

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