quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

"A Ponte" / "The Brigde"

Quando cheguei em casa do cinema, na terça-feira super chuvosa, fui tentada a mais uma sessão de filme, dessa vez um documentário escolhido pelo Neto na locadora, dois dias antes.
Como de costume, eu acreditava que fosse dormir nos primeiros quinze minutos. Topei, porque sinceramente não estava com aquela vontade de encarar os suicidas da Golden Gate, em São Francisco, principalmente depois de ter saído do cinema com um sorriso de amor, e por isso de celebração da vida no rosto. Tínhamos acabado de assistir "O Curioso caso de Benjamin Button".
Mas não foi nada disso. O documentário pode até tratar das pessoasque se atiram do alto de uma ponte com o objetivo de acabar com a própria vida. No entanto não é apenas isso que o filme retrata e tenho minhas dúvidas no que diz respeito à temática central do filme. Para mim, o cerne é antes o suícidio, enquanto consequência social e psicológica de um contexto ao memso tempo subjetivo e universal, do que os suicidas em si, cada um particularmente.
O que aocntece é que é através dessas histórias, do relato das famílias, de amigos e de imagens chocantes que o diretor consegue revelar pontos comuns entre todos os que optam não pela vida. O incômodo e a falta de habilidade de se adaptar nesse mundo e na vida tal como ela está posta é sempre muito evidente no perfil dessas pessoas, que inevitavelmente revelam uma tristeza sem fim, seja no olhar, nas palavras, nos gestos ou, sobretudo, no silêncio. Nesse contexto, é seguindo uma lógica que nada tem de irracional, que o suicídio aparece como um horizonte, como um alívio e como uma solução.
Não que eu seja a favor da interrupção deliberada da própria vida, não. Mas assistir "A Ponte" sem dúvida me fez perceber que o ato de interromper todas as possibilidades de um futuro é muito mais complexo do que o caráter egoísta que lhe é atribuído. Percebi que não cabe a nós julgar essas pessoas, bem como não nos cabe apontar formas mais ou menos humanas, mais ou menos dignas de se morrer.
Cabe a nós, que sempre nos chocamos e nos indignamos com a notícia de um suicídio, compreender que não há desespero em vão. Buscar causas e respostas na sociedade, e da mesma forma, buscar soluções para a promoção de uma vida mais justa e menos desigual.
Pode parecer piegas, politicamente correto, mas não me importa. O ponto é que já passou da hora de desejarmos e resgatarmos um modelo mais humano de seguir em frente nesse mundo que não precisa ser tão hostil.

The Brigde - 2006 - Inglaterra
Direção: Eric Steel
Produção: Eric Steel
Música: Alex Heffes
Fotografia: Peter Baldwin e Peter McCandless
Edição: Sabine Krayenbüh
Duração: 93 minutos

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