quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Acabou (de começar)

Acabou, camaradas!
Com 2007, não foram embora apenas 12 meses. Para mim, é um ciclo de 48 que chega ao fim, com a alegria do aprendizado e crescimento e a saudade que já bate de um tempo que passou.
Foi quando me descobri mulher forte, pessoa indignada, quando me descobri militante. Quando descobri grandes amigos bons. Muita música. Descobri que não é preciso saber dançar para dançar até cansar. Descobri que não preciso ser amiga de todos. Descobri o Cordel. Descobri que quero morar sozinha e viajar. Descobri o cinema e a minha paixão por ele. Descobri a Cooperifa. E grandes mestres. Descobri que professores podem ser amigos. Que sou pau pra toda obra, até pra trabalhar com moda. Descobri que engolir sapos muitas vezes é sinônimo de inteligência. Que o jornalismo não está perdido. E a importância da cultura. Descobri que eu não gosto de raves. E que eu posso conviver com gatos, embora morra de medo dos bichinhos. Descobri que também podemos escolher outra família. E descobri o amor. E que deve ser o máximo morar em casa, em vez de apartamento. Descobri que para grandes amigos, a distância é como um sopro. Descobri uma lingua nova, ou melhor, uma linguenis novenis. Que não sou mulher tão forte assim. Descobri a cidade maravilhosa. Que não sei tomar sol. Que putaria entre amigos é bem mais legal. Que tenho mais de uma personalidade. Que não preciso ter vergonha de chorar. Que não sou pontual. Descobri que sou absolutamente desorganizada. E que gosto de pintar as unhas do pé de vermelho. Que eu caguei para a aprovação de-quem-eu-nem-conheço. Descobri vocês - vocês sabem quem são - , sem os quais, nada nada nada teria sido - verbo intransitivo.
Obrigada aos grandes que me deram asas!
Vocês são especiais e serão, cada um a sua maneira, para sempre o meu espelho! O lugar onde irei me buscar toda vez que me sentir perdida. Certamente me encontrarei em vocês, da mesma forma que existe um pedaço de cada um dentro de mim.
com muitos sorrisos,
Dedé.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Sambinha popular

Descrição da sensação: aperto no peito e auto-raiva por saber que a sensação incômoda é consequência de um caminho percorrido de forma consciente, ou seja, fruto de uma escolha que se repete todos os dias, na mesma hora e da mesma forma. Virou rotina, pode?
Depois passa, mas ainda assim consome os primeiros momentos do meu dia, assim que sento em frente ao computador do trabalho. Levo de 15 minutos à meia-hora para voltar ao normal e começar a trabalhar. Afinal, estou aqui para isso e não para aquilo. Ah, sim, ainda tem essa, tudo isso em ambiente onde até certo ponto minha vida pessoal é irrelevante.
Faz sentido. Só uma ou duas pessoas sabem desse costume que prometi me livrar o quanto antes. O que elas não sabem é que ainda não me livrei. Também não toquei mais no assunto.
E outra, fazer aqui é como se o ambiente sustentasse essa transgreção que se volta contra mim, só contra mim. Faço aqui para me lembrar toda vez que faço que não posso fazer. E que o não poder, no plano pessoal, é justificado pelo óbvio da burrice. A auto-flagelação que a gente supera. Mas o não poder institucional funciona como um fiscal que invisível que controle os meus cliques o tempo todo, das 10h às 18hs.
Bobagem minha. Fantasia que me desconcerta não sei porque. O que eu vejo não me ameaça; me irrita, muito. E a irritação que me dá me irrita mais ainda.
Não conheço e nunca vi, mas alimento a ilusão de saber de tudo, tudo, tudo. Quando na verdade não sei~, não quero saber e tenho raiva de quem sabe.
Vai passar? (Nessa avenida o samba popular?)
Pode ser, não sei e não importa, afinal, Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. Ah, sim!
E hoje eu não vou almoçar, só para quebrar a rotina.
PS: A parte da "raiva de quem sabe" é mentira.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Tá ali.

Arrisco:
Existem dois tipos de saudade. A saudade amiga e a saudade malvada.
Na amiga estão os queridos que estão longe só pela distância. Na malvada, os que permanecem bem no cruzar da esquina ou na nossa cabeça ou no fundo do nosso coração, e ainda assim, nunca estiveram tão distantes.
Ambas nos fazem sentir impotentes.
Mas elas não são definitivas: A saudade malvada, como por obra da sabedoria do tempo, de um momento para outro, pode virar amiga, lembrança.
É a dor que vira saudade, que passa.
O tempo assim vira o melhor amigo da malvada, ao passo que o nó na garganta dos que sofrem de saudade amiga ou saudade da amiga com ele só aumenta.
Amiga.
O tempo cumpriu seu papel - ele não falha, em nenhum dos casos - e eu já não consigo suportá-lo. O fim do ciclo tá ali, pertinho, mas só acabará de fato quando a contagem regressiva chegar a zero. E enfim, ela vai tá ali, para começar tudo de novo e recomeçar o que deixamos em aberto.
Faz muito tempo que a sinto. Ela e a saudade que me deixou, ironicamente, para ocupar o seu lugar.
Mas ela está chegando!
Dia 25, Tá ali, já.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

E ponto.

Demorou, mas fez algum sentido o relato de um amigo, que na época era mais que um amigo.
Ele me contava que havia amado demais e que de tanto amar quis parar de amar.
Ele escolheu sofrer sozinho. E isso era, na minha opinião, inadmissível, sobretudo quando aberta a possibilidade do amor a dois.
Hoje, embora finque pé na bandeira de que a paixão deve ser vivida com todas as forças, entendo a angústia do medo que envolve tudo aquilo que não podemos controlar, que se perde por entre os dedos.
Porque ao mesmo tempo que mágica, a vulnerabilidade nos torna frágeis, para tudo. Inclusive para amar mais e sofre mais.
Não sei ao certo se a palavra medo se aplica aos meus sentimentos, hoje, agora e ontem. Sei que me sinto sujeita a um turbilhão de sensações que pensava estar protegida. Aí que o bicho pega, afinal, sujeitar-se de corpo e alma ao abstrato é como dar um tiro no escuro, sem saber se ele voltará, certeiro no coração.
Não existem garantias, tampouco protocolo de uso. Existe o amor e o medo do amor. O sofrer por amor e o amar.
Não sei, mas prefiro ficar com as palavras do grande Neruda, que, ao ser indagado se já havia sofrido por amor, respondeu sem hesitar que estava disposto a sofrer mais.
É isso.
Eu busco o amor que faça valer a pena o sofrer. E ponto.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Momento de ternura

Talvez a manifestação mais plena da confusão entre prazer / dor e preenchimento / vazio seja aquele momento que sucede o máximo da aproximação entre duas pessoas permitida pela física.Depois da tempestado, a calmaria.
Funciona quase como uma droga que entorpece e entristece, no entanto, sem carregar um pingo de tristeza. É outra coisa, que não sei o nome. Pode ser também que não tenha nome e, de fato, não precisa.
Nesse momento a melancolia é presente, mas não toma conta. Ela vem embrulhada da então já nostalgia. Que faz sorrir com lágrimas que teimam em não rolar. Lembrança do tempo que acaba de acabar, para sempre. Do toque que nunca mais será o mesmo, embora venha a repetir-se tantas outras vezes.
Assim como o suspiro o sorriso o carinho o prazer o olhar o tesão o outro o outro o outro o som o sentido o verso o choro.
Alguns chamam tudo isso de pequena morte; A dor que não dói; Que existe no limite entre a morte delicada e a vida à flor da pele.
Para Xico Sá, o melhor dos infernos. Para Clarah, amiga do Xico Sá, o momento em que não sabemos mais pra que lado fica Meca.
Para mim, o tudo em contraposição ao nada. E vice-versa.
E acima do bem e do mal, momentos de muita ternura.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Como nunca e sempre

Não tem nada, não.
Criei e pronto, e tento escrever na tentativa de entender o tudo e o nada que se confundem, assim como o nunca e o sempre.
As palavras não são simples e tampouco chegam como um sopro. Ou pura inspiração.
Mas tento e a partir de agora, tento de verdade.
Escrever para entender. E entender para escrever.
Como nunca e sempre, no devagar de ir longe.