segunda-feira, 11 de maio de 2009

Gosto de Jujuba

Deveria ter gosto de infância, só que para mim teve também de adolescência.
E como!
Lembrei sexta-feira, no Bordô, pouco antes dos Goodfellas subirem no palco. Não que eu pudesse esquecer, mas me lembrei com uma força que me levou de volta, por instantes, a um passado que descobri guardar com muito mais carinho do que imaginava. Foi como, de repente, reviver aqueles tempos em atibaia, com a minha amiga de infância.
Quando crianças, fomos mais próximas do que nunca. Na adolescência, brigamos, choramos uma por causa da outra e as duas por causa deles. Nesse tempo, já não éramos tão próximas, mas éramos sim mais amigas.

E depois que nos separamos me dei conta de que há pessoas na vida que são para sempre, simplesmente porque são.
Aí no reencontro comecei a perceber que a idade começara a me revelar traços que eu não poderia ter descoberto ou sequer me dado conta na infância, quanto mais na adolescência. Que ter 23 e conhecer o outro há iguais 23 anos é a nostalgia possível, do momento passado que virou eterno. Do sorriso que de tempos em tempos será projetado com cada vez mais nitidez. Do dia em que você chorou ou teve raiva ou esperneou e que hoje é o motivo de um sorriso discreto, de canto de boca, normalmente com os olhos quase fechados, com uma certa expressão no rosto, quase triste, de quem quer voltar alguns anos, por apenas alguns instantes.
Por isso preferimos a vida com emoção, como a roda gigante, que ora amedronta, ora dá vontade de se jogar lá de cime com todo tesão do mundo. O tesão de Paulo Freire, aquele que sem ele, não há solução.
Jujuba é isso para mim, a lembrança de uma vida vivida e a certeza de que o caminho vale a pena.
É como ouvir sete anos depois I dont wanna lose your love tonight e sentir uma lágrima adolescente correr nas minhas bochechas que continuam enormes sem nenhum esforço para que isso aconteça.
Com a mesma intensidade e uma única diferença, que agora as bochechas redondas que escondem meus olhos quando eu sorrio não me incomodam mais.

2 comentários:

julianac disse...

Nossa...estou sem palavras! Que texto lindo Dé....vc sabe que eu nao sou boa nas palavras igual vc..
Só tenho que agradecer de ter uma amiga tão especial e torcer que nossa amizade dure mais 100 anos!!!!
TE AMO MUITO e pode contar comigo sempre
bjos
JUJUBA

nana tucci disse...

que lindo, dé. arrepiou. e como é bom ter um amiga assim, né? sem tempo, sem contexto.
saudades!