
Foto: Rodrigo Zorzi
Acabou mais um São Paulo Fashion Week e embora eu vibre com o término, confesso que o evento não é de todo mal.
Além de apresentar processos criativos de estilistas e coletivos, o que para mim já é sensacional do ponto de vista da cria-ação, o evento ganha milhares de pontos quando o assunto é diversidade e na mesma medida respeito à essa diferença.
Durante sete dias a Bienal se torna um territória livre e tudo, tudo, tudo, em termos de estética, é permitido. Cabelo laranja, calça curta ou comprida, chapéus, havaianas com meia, piercings e tatuagens nos mais diversos lugares do corpo. Nem tudo é fashion, mas tudo é curioso e digno de nota.
Eu, que nunca me identifiquei de pronto com a coisa fashion, sempre gostei muito de antropologia. Durante e minha passagem pela Faculdade de Ciências Sociais, que foi curta mas marcante, foi com ela que eu me encantei.
E a moda, como produto e reflexo de uma determinada cultura, carrega aspectos antropológicos fortíssimos. É disso que eu gosto. O que a roupa diz sobre o homem que a veste e que se identifica com ela?
O que os tecidos trazem de novo em relação a bem-estar e conforto? Que relação eles mantém com a geografia física dos países onde são produzidos? E a moda sustentável, ela é possível? Tantas bandeiras que um desfile pode levantar e que se levadas a sério poderiam configurar plataformas importantes até de protesto, já que contando com ampla repercussão na mídia poderiam ser passadas adiante em progressão geométrica.
Tudo por uma causa que pode nem ser sua, mas que de alguma forma dá espaço para a diversidade e para o novo. Por isso vale a pena.