terça-feira, 24 de junho de 2008

Semana da moda e da diferença



Foto: Rodrigo Zorzi

Acabou mais um São Paulo Fashion Week e embora eu vibre com o término, confesso que o evento não é de todo mal.
Além de apresentar processos criativos de estilistas e coletivos, o que para mim já é sensacional do ponto de vista da cria-ação, o evento ganha milhares de pontos quando o assunto é diversidade e na mesma medida respeito à essa diferença.
Durante sete dias a Bienal se torna um territória livre e tudo, tudo, tudo, em termos de estética, é permitido. Cabelo laranja, calça curta ou comprida, chapéus, havaianas com meia, piercings e tatuagens nos mais diversos lugares do corpo. Nem tudo é fashion, mas tudo é curioso e digno de nota.
Eu, que nunca me identifiquei de pronto com a coisa fashion, sempre gostei muito de antropologia. Durante e minha passagem pela Faculdade de Ciências Sociais, que foi curta mas marcante, foi com ela que eu me encantei.
E a moda, como produto e reflexo de uma determinada cultura, carrega aspectos antropológicos fortíssimos. É disso que eu gosto. O que a roupa diz sobre o homem que a veste e que se identifica com ela?
O que os tecidos trazem de novo em relação a bem-estar e conforto? Que relação eles mantém com a geografia física dos países onde são produzidos? E a moda sustentável, ela é possível? Tantas bandeiras que um desfile pode levantar e que se levadas a sério poderiam configurar plataformas importantes até de protesto, já que contando com ampla repercussão na mídia poderiam ser passadas adiante em progressão geométrica.
Fashion Week é um prato cheio para os que estão menos interessados em consumir moda do que pensá-la sob outro espectro.
Muita coisa estranha, mas bastante autencidade.
Tudo por uma causa que pode nem ser sua, mas que de alguma forma dá espaço para a diversidade e para o novo. Por isso vale a pena.

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